30/11/2009

Madeira está sem intérpretes de língua gestual portuguesa



Jornal da Madeira – No próximo dia 3 de Dezembro assinala-se o Dia Internacional do Cidadão Portador de Deficiência. Na Região, quantas pessoas estão “identificadas” pela Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação com deficiência?

Maria José Camacho – Na nossa base de dados, aqueles que nós atendemos situam-se na ordem dos 4.500. Falamos de crianças, jovens e adultos com necessidades especiais. No entanto, sabemos que existem outros casos atendidos por duas instituições de carácter privado, nomeadamente, a Associação de Paralisia Cerebral e as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração que têm o Centro Psicopedagógico de Reabilitação da Sagrada Família. Não fazem parte destes 4.500, embora nós prestemos colaboração em determinadas áreas a essas duas instituições. Sabemos também que existem adultos com necessidades especiais que estão nos seus domicílios, em zonas onde nós ainda não abrimos serviços para adultos como é o caso de Santana e do Porto Santo, onde estamos a ultimar tudo para abrir um pequeno centro de actividades ocupacionais. Noutras zonas, onde nós temos estes serviços, por vezes, as famílias querem que os seus filhos permaneçam em casa quando têm um pai, uma mãe ou ou outros familiares que os acompanham. Temos tido, não muitas, algumas recusas em frequentar os nossos serviços, já que as pessoas estão incluídas nas suas famílias. Nestes 4.500 temos as diferentes vertentes de intervenção, incluindo a precoce onde trabalhamos com bebés da mais tenra idade, desde que nessa altura já esteja diagnosticada uma necessidade educativa especial. Esta intervenção precoce, numa fase inicial, passa por ajudar aquela família a fazer o luto do filho sonhado, ou seja, o filho perfeito e sem problemas que não chegou e, em vez dele, chegou outro. Então os especialistas apontam a necessidade das equipas de especialistas acompanharem as famílias nestes momentos, tentarem que elas façam o luto e se voltem para aquele que chegou que, acima de tudo um ser humano que precisa deles e de uma intervenção técnica.

JM – Esse luto não é fácil de aceitar por parte das famílias...
MJC – Nunca é fácil. Nós tendemos, enquanto seres humanos, para a perfeição e não é fácil aceitar a deficiência ou a diferença. A nossa luta e o nosso trabalho é no sentido de aceitar a pessoa que existe por detrás da deficiência ou por detrás da diferença. Mas, não é fácil. Há famílias que conseguem num período mais curto e outras que nunca conseguem totalmente.

A família não discrimina

JM – A própria discriminação destas pessoas com deficiência ainda reside dentro das famílias?
MJC – Não! A família não discrimina, ela acolhe. O que acontece é que, em muitos momentos, ela sente-se impotente para funcionar e pensa que não consegue ou que não sabe e que são os técnicos que vão fazer e que vão dizer. E a nossa missão na intervenção precoce é a de devolver esse papel à família, dizer que ela é capaz. Qualquer família quer o melhor para o seu filho e, muitas vezes, quando fala da discriminação refere-se às barreiras de atitude que a sociedade coloca. Então, a família sente-se refém e vítima dessa discriminação da sociedade porque começa a pensar: “não vou levar o meu filho ao restaurante porque ele vai deitar tudo ao chão e os outros vão olhar para ele com ar depreciativo, vão fazê-lo sentir mal”. Mas, penso que já se ultrapassou muito isto. Depois, também sabemos que a família, nas primeiras idades, faz um percurso, por vezes, doloroso e moroso em termos da procura da resposta, da solução ou de um diagnóstico que a situe perante a situação de haver conhecimento sobre aquela problemática e de haver experiência que permite dizer que, com determinada intervenção, a criança vai evoluir e atingir determinados patamares. É nesse sentido que falo na importância de um diagnóstico sério e responsável que permita à família conseguir ultrapassar este luto e funcionar com esta criança.

JM – Com que equipa conta a DREER em termos de recursos humanos?
MJC – Temos em maior número os docentes especializados, que são 232 e que têm como formação de base educação de infância, primeiro, segundo e terceiro ciclo e secundário. Temos também vários técnicos profissionais (ajudantes) em número de 156. A estes, juntam-se 26 terapeutas, entre os quais da fala, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Há ainda 67 técnicos superiores, entre psicólogos, psico-motricidade e ciências da educação, e ainda formadores de língua gestual portuguesa para o caso das crianças com surdez.

JM – Pelos vossos serviços passam as mais variadas situações de deficiência...
MJC – Temos todas. Existem situações de um grau de profundidade superior, mas a dificuldade é inerente a todos os casos. Muitas vezes, por exemplo, há ausência de uma comunicação explícita, em que nós temos que descobrir que sentimentos e capacidades é que a criança pode vir a ter. Cada caso é um caso. Nós podemos falar de crianças autistas e sentir que o autismo é uma realidade muito complicada e difícil para trabalhar, pois nenhum autista é igual ao outro. Depois temos multi-deficiências, com casos de crianças e jovens que a par de um défice intelectual têm problemas de alterações comportamentais e de ordem até psiquiátrica. Daí que, nas nossas equipas, não temos nem enfermeiros nem médicos, mas temos uma estreita ligação com os serviços de saúde da comunidade na tentativa de trabalhar colaborativamente nesta outra vertente do foro médico em paralelo com a intervenção psicológica, pedagógica e terapêutica.

Famílias estão a pedir mais horas de intervenção

JM – Ainda há casos em que tem de ser a Direcção a actuar, perante a vergonha das famílias em pedir ajuda por não quererem assumir que têm a seu cargo pessoas com deficiência?
MJC – Temos cada vez menos. Temos é o contrário e vemos as famílias a quererem mais horas de intervenção. No passado encontrávamos alunos com síndrome de Dawn que, chegados aos seis anos, não iam para a escola porque as famílias viam que eles tinham um problema que não lhes permitia continuar e iam ficando em casa. Muitas vezes, encontrávamos crianças aos 9 e 10 anos que nunca tinham frequentado um estabelecimento de educação. Neste momento, já não acontece, também por via deste estreitar de laços profissionais com a saúde. Aquando do nascimento de uma criança, os próprios serviços nos contactam, dizendo, por exemplo, se essa criança é oriunda de uma família de risco onde já existam outras crianças com deficiência declarada. Também trabalhamos em estreita colaboração com o Centro de Desenvolvimento do Funchal, que nos encaminha os casos que estão em estabelecimentos onde nós intervimos. Penso, por isso, que a procura superou perfeitamente a “fuga” de crianças, mesmo na primeira infância, quando eles ficam com a família.

JM – Ainda assim, é frequente detectar casos em estabelecimentos de ensino?
MJC – Poderemos encontrar, por exemplo, em termos de um primeiro ciclo, casos de dificuldade de aprendizagem ditas ligeiras que não foram diagnosticadas porque a criança não demonstrou uma diferença muito grande face ao seu grupo etário. Ou porque não esteve na pré. Mas, por vezes, as crianças têm diferentes ritmos de desenvolvimento e quando há um pequeno atraso que depois é indiciador de uma dificuldade de aprendizagem, poderá não ter sido detectada e nós encontramos, normalmente, no primeiro ciclo, crianças que não foram alvo de intervenção anterior. É o caso das dislexias, das disgrafias e das discalcolias em que o problema da criança se manifesta face à aprendizagem que lhe está a ser apresentada. E podemos encontrar também um grupo mais pequeno de tumores cerebrais por via de problemas com diabetes, traumatismos cranianos ou acidentes de qualquer espécie, em que adquirem uma necessidade especial.

Centro do Porto Santo abre já em Janeiro

JM – Em relação aos centros ocupacionais, Porto Santo e Santana são os únicos concelhos onde há falta destes espaços?
MJC – Em Santana, estamos em negociações com o presidente da Câmara na tentativa de encontrar um espaço. Aqui, muitos dos jovens vêm para o Funchal ou para Machico onde temos um centro ocupacional. Quanto ao Porto Santo, já temos esse espaço. De momento, estamos em fase de instalação. Fizemos um levantamento, em colaboração com a Segurança Social, sendo que detectamos um grupo pequenino com necessidades especiais, de sete jovens e adultos. Pensamos que, ainda durante o mês de Dezembro, eles já vão poder visitar o espaço para se adaptarem e em Janeiro abriremos em definitivo.

JM – Que programas têm sido desenvolvidos pela DREER?
MJC – Os centros de actividades ocupacionais respondem a uma franja da população com necessidades especiais que não consegue fazer um curso de formação profissional. Ou seja, não são suficientemente autónomos ou os seus conhecimentos de base não lhes permite fazer um curso de formação profissional. Nesse âmbito, estes centros treinam o bem estar, a qualidade de vida, a autonomia e muita da intervenção deles para que estimulem ou mantenham muitas das suas capacidades. Para além disso, existe a formação profissional para os outros jovens que, apesar das suas necessidades especiais que não lhes permitem percursos académicos muito avançados, conseguem aprender uma profissão e serem incluídos nas empresas. Temos em todos os concelhos essa vertente de intervenção, com o apoio e o acompanhamento a estes jovens já inseridos na empresa.

JM – Qual o nível de colocação desses jovens?
MJC – Nós temos tido uma média relativamente boa de colocação. Penso que no ano passado andamos na ordem dos 60 por cento. Sinal do êxito deste programa é que os empresários que receberam esses jovens estão sempre receptivos a receber mais.

Há falta de intérpretes de língua gestual

JM – Na Região, é fácil recrutar meios humanos para trabalhar nesta área ou ainda é necessário recorrer a pessoal do continente?
MJC – Nós, este ano, pela primeira vez, tivémos dificuldade em recrutar docentes especializados por via de um aumento de vagas verificado a nível nacional. Como muitos dos nossos docentes são oriundos do continente e apesar de referirem que o nosso modelo de intervenção lhes dá maior suporte e garantias em termos profissionais, optaram pelo continente por questões pessoais e familiares. A outros níveis, a dificuldade vai-se prendendo, também, com os tempos em que nós vivemos, em que o recrutamento de novos elementos não tem sido tanto quanto foi no passado.

JM – Há poucos técnicos a formarem-se nas áreas necessárias?
MJC – Nalgumas áreas sentimos que existem dificuldades. Sobretudo, em termos de terapeutas da fala, formadores de língua gestual portuguesa e intérpretes de língua gestual. São as áreas mais carenciadas em termos de recursos humanos, atendendo a que a nível nacional a oferta tem sido superior à procura. Não havendo desemprego, nem havendo aqui pessoas formadas na língua gestual portuguesa como intérpretes, infelizmente, na Madeira, não temos. Estamos a fazer esforços a ver se conseguimos cativar alguém, mas não temos nenhum intérprete de língua gestual e faz falta na medida em que começamos, desde há alguns anos a esta parte, a iniciar as crianças surdas na mesma e, dentro em breve, fará falta um intérprete quando estes alunos transitarem para o secundário e tiverem que ter dentro da sua sala um intérprete.

Há cerca de uma dúzia de famílias que acolhem crianças com necessidades especiais. Algumas vêm à procura, outras foram procuradas pela Educação Especial em determinado meio, quando se constatou que a família de origem estava distanciada geograficamente, já que algumas crianças do campo, para frequentarem os serviços no Funchal, têm de cá permanecer. Neste momento, algumas famílias que já tiveram crianças ao seu cuidado se oferecem para continuar.

Número de alunos por idades

Idades Número de atendimentos

0-6 437
7-12 1.949
13-18 1.424
19-24 193
25-30 107
31-36 62
37-42 25
43-48 18
Maior ou igual a 49 15

Total 4.230*

Dados referentes a Janeiro de 2009

Neste momento, a DREER tem entre mãos à volta de 25 crianças/adolescentes/jovens com indicadores de altas habilidades, ou seja, os chamados sobredotados. Sobre estes, recai uma intervenção directa, conforme salienta Maria José Camacho que sublinha também o trabalho da Direcção junto das escolas, na tentativa de alertar e formar os docentes para o despiste destes alunos. Para mais, existe um projecto de investigação/protocolo em marcha com a Universidade do Minho que cede à DREER um consultor científico, especialista nesta área, e que «ajuda também neste olhar para uma problemática que por vezes tem de ser olhada e atendida de forma correcta para que eles não se percam».


25/11/2009

Autistas ensaiam manobras radicais


A integração foi o mote da iniciativa ontem participada por perto de 20 crianças autistas. Após viagens de comboio e autocarro, vestiram um fato de mergulho e praticaram, pela primeira vez, bodyboard. "Uma experiência única para muitos deles."
Maravilharam-se com a paisagem que fugia pelos vidros do comboio mas assustaram-se, alguns, quando se viram na praia do Cabedelo, em Viana do Castelo, com o mar a curta distância.
Pedro, de oito anos, não tirava os olhos das ondas desde que saíra do autocarro, recusando-se, peremptoriamente, a entrar na água. "Quero ir para casa! Já, mãe!" Apesar do apelo, momentos depois o menor vestia um fato de neoprene e, munido de uma prancha de bodyboard, saltava sobre a rebentação e entrava na água, a exemplo das restantes crianças que, a princípio, recearam tomar parte na brincadeira.
"Ninguém consegue explicar, mas as expressões deles mudam quando estão na água. Interagem melhor connosco dentro da água, além de se notar que estão muito mais felizes", explicou Raquel Abreu, psicóloga da Associação de Amigos do Autismo (AMA), entidade que promoveu a iniciativa com os olhos postos na integração social dos menores.
"Trata-se de facultar a estas crianças as oportunidades que lhes são, muitas vezes, privadas, devido a alterações de comportamento", continuou a responsável pela actividade de ontem e terapeuta da associação, Gisela Brás, acentuando que a proposta teve, também, por meta sensibilizar a comunidade para a problemática.
Para Sérgio Martins, voluntário da AMA e com perto de 30 anos de trabalho ligado à reabilitação de pessoas com deficiência, a proposta levada a efeito assemelhou-se "quase a uma aventura". E assinala: "em termos de reabilitação, muito está por fazer. No que concerne ao autismo então nem se fala". Docente e pai de uma criança autista, Jorge Cruz aludiria mesmo à terapia da água como "fundamental" para a integração: "é um meio onde eles se sentem mais à vontade. Mais livres".
Assegurando que a colectividade pretende dinamizar um conjunto de desportos "onde eles se possam sentir bem", caso da hipoterapia, o presidente da AMA, Marco Reis, vincou que a proposta não representa qualquer custo para as famílias. "As pessoas não têm de pagar nada pelas actividades, só assim é que se consegue a igualdade de oportunidades", asseverou, considerando para tal necessário "vencer complexos, muitos das próprias famílias".

O Estágio no Curso Tecnológico de Acção Social

Os alunos do 12º ano do Curso Tecnológico de Acção Social, realizarão o seu estágio a partir do dia 6 de Janeiro de 2010 e conclui - lo -ão a 26 de Março do mesmo ano. Terá a duração de 216 horas, e durante o referido período de estágio, os alunos desenvolverão actividades relacionadas com o seu curso, que estão previamente planificadas no seu plano de actividades.
O estágio dá acesso ao Nível III de formação, podendo os alunos, mediante a realização dos exames nacionais, candidatarem-se, também, ao Ensino Superior. No curso tecnológico de Acção Social as saídas profissionais direccionam-se para as creches, os lares, as bibliotecas, os hospitais, os estabelecimentos prisionais, os institutos de reinserção social, entre outros.
Para aceder ao Regulamento de Estágio, assim como, ao regulamento da Prova de Aptidão Tecnológia (PAT) clica no seguinte link:
http://www.geamangualde.net/Principal/Legislacao/Download%5C5%5C24.pdf

24/11/2009

II Encontro Regional: "Juventude sem Riscos"














































No passado dia 21 de Novembro, a turma do Curso Tecnológico de Acção Social, nomeadamente a turma de Práticas de Apoio Social e a turma de Animação Sóciocultural, assim como outros alunos da Escola Básica e Secundária de Santa Cruz, participaram no II Encontro Regional : "Juventude sem Riscos", promovido pela Fundação Portuguesa "A Comunidade Contra a Sida".






20/11/2009

Associação Vicentina realiza trabalho unédito com familiares de deficientes


Um grupo de mães que enfrentavam várias dificuldades com os filhos portadores de deficiência, em especial, o autismo, decidiram reunir suas forças. Nasceu então a Amadef (Associação de Mães e Amigos dos Deficientes e Familiares). Desde 2005, a entidade realiza um trabalho inédito na Região, não apenas na recuperação das crianças e adolescentes, mas dando suporte psicológico e estrutural para 184 famílias de São Vicente.
“A entidade nasceu com uma mãe querendo ajudar a outra. Fazíamos bingo, feijoada, para comprar aparelho para as crianças”, conta Maria Aparecida Miguel Machado, fundadora e presidente da Amadef. “Nesse convívio percebemos as dificuldades que cada mães passava e resolvemos nos ajudar e trazer outras pessoas que estivessem com o mesmo problema”.Para atender o número elevado de famílias, a Amadef alugou uma casa, onde fica sua sede, na Rua Carijós, 1131, no bairro do Jóquei Clube. Além de fortalecer as mães e dar diversos tipos de suporte, como arrumar condução para tratamento em São Paulo, a associação conta atualmente com fisioterapeuta, psicopedagogo, assistente social voluntários.“A maioria das mães chegam na associação com a auto-estima lá embaixo. A maioria não tem marido, que abandonam a criança quando sabe que ela está com alguma deficiência. Nós conversamos, mostramos nossas histórias e que a deficiência não é um transtorno, mas um dom que a gente não percebe que eles têm”, diz Maria Aparecida.Segundo Manuel Vásquez Gil, psicólogo e pai, que faz trabalhos sobre autismo e dá palestras na Associação de forma voluntária, os principais problemas se encontram em adolescentes acima dos 12 anos, que já não são mais assistidos pelo sistema público. “Como o autismo necessita de muitos profissionais, nosso trabalho é focado nas mães e professoras. Nós capacitamos elas a fazerem um trabalho que a fisioterapeuta, a fonoaudióloga fariam. São profissionais gratuitas que fazem tudo com amor”.Manuel diz que São Vicente deve possuir cerca de 4 mil pessoas com autismo, já que a média corresponde a 1% da população. “Muitas pessoas não procuram, não sabem. Algumas famílias escondem a criança ou dão remédio para ficarem quietas. Ela cresce sem tratamento e acaba ficando com uma deficiência mental de verdade”, alerta.O sonho da Amadef é ter uma sede própria. Atualmente, para sustentarem a Associação, os pais e amigos realizam feijoadas, eventos e também contam com a colaboração voluntária das pessoas.Projeto GirassolUm projeto inédito realizado pela Amadef é o “Girassol”. No final de cada mês há a realização de um baile organizado pelos próprios adolescentes com deficiência. “Eles decidem o tema, como vão enfeitar, as músicas, tudo sozinhos”, conta a presidente da Amadef. A idéia do projeto é ensinar autonomia para eles. A partir daí, é visto como eles se comportam e o que precisa ser trabalhado.
In Jornal Vincentino - Brasil

Autismo - E se nunca se esquecesse de nada?

Floy e Kay, duas irmãs gémeas dos EUA, são autistas e têm a síndrome de Savant. Uma combinação que lhes dá a capacidade única no mundo de não se conseguirem esquecer de nada desde que nasceram, possuindo assim, uma memória extraordinária.
O cérebro das gémeas armazena toda a informação como se de um computador se tratasse. Os cientistas afirmam que são um caso único em todo o mundo.
Basta dizerem-lhes uma data e elas sabem exactamente o dia da semana, lembrando-se ainda do tempo que fez em determinada data. As gémeas conseguem ainda, por exemplo, decorar as cores dos fatos dos apresentadores que vêm na televisão.
A Síndrome de Savant é considerada um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um défice de inteligência. As habilidades destas pessoas são sempre a memória extraordinária ligadas a uma compreensão do que está sendo descrito.
Os portadores de Síndrome de Savant são um mistério que fascina e intriga a ciência. Donos de uma memória extraordinária e são capazes de decorar livros inteiros depois de uma única leitura, eles possuem ao mesmo tempo grandes défices de desenvolvimento, como uma grande dificuldade para falar e se relacionar socialmente.

19/11/2009

Aprender Língua Gestual

Língua Gestual Portuguesa


Iniciativa realizada ontem pela DREER
Língua gestual foi ensinada a ouvintes
A Secretaria Regional de Educação e Cultura, através da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação (DREER), assinalou ontem o Dia da Língua Gestual Portuguesa (LGP) com uma série de acções de sensibilização que tiveram lugar no centro do Funchal. Logo pela manhã, três dos cafés mais emblemáticos da capital madeirense - (Apolo, Golden e Teatro), receberam a visita de profissionais e pessoas que sofrem de surdez para ajudarem os ouvintes a fazer os seus pedidos em linguagem gestual.
O desafio foi aceite por várias pessoas que, embora com alguma timidez, mostraram-se abertas à proposta que lhe foi feita.
Segundo a directora regional de Educação Especial e Reabilitação, esta iniciativa «serviu sobretudo para sensibilizar e dizer que a Língua Gestual Portuguesa existe».
Maria José Camacho explicou que cada país tem a sua língua gestual adequada e relacionada com a sua semântica e adequada com a sua língua, daí que cada país sinta necessidade de ter a sua própria língua gestual».
Neste sentido, a responsável focou a importância da língua gestual «como motor de desenvolvimento dos surdos que, muitas vezes, por ausência de uma língua agregadora, se sentiam limitados no acesso ao mundo, à comunicação e ao conhecimento».
A este respeito, Maria José Camacho referiu que, de acordo com os Censos de 2001 existem na Região Autónoma da Madeira cerca de 1.300 surdos. Em Portugal estima-se que existam 150.000 surdos.
De salientar que, ontem, para além das acções que tiveram lugar nos cafés, foi ainda realizada uma proclamação do Evangelho em LGP na Igreja do Colégio – Funchal.


13/11/2009

Governo lança plano de alerta dos madeirenses para a pobreza e exclusão sociais
Marketing Social no início de 2010
O Plano de Marketing Social será apresentado no início de 2010, garantiu ontem ao JM a directora regional de Segurança Social. O instrumento irá complementar os outros planos lançados este ano e visa sensibilizar a população madeirense para a problemática da pobreza e da exclusão social. Bernardete Vieira diz que quer colocar os madeirenses a reflectir seriamente sobre aqueles temas.
O Plano de Marketing Social, que a Direcção Regional da Segurança Social está a elaborar, ficará pronto no início de 2010. E irá procurar chamar a atenção, conforme destaca a directora regional, Bernardete Vieira, para as problemáticas da pobreza e da exclusão sociais.
Bernardete Vieira sublinha que este ano ficou marcado pela concretização de vários instrumentos de planeamento social, como são os casos da Estratégia Regional de Apoio à infância, do Plano Gerontológico (conduzido pela Secretaria Regional dos Assuntos mas com o contributo da DRSS), do Plano para os Sem-Abrigo e ainda do Plano Regional para a Violência Doméstica, que será apresentado nos próximos dias.
Neste sentido, sublinha, ficou para o fim o Plano de Marketing Social, não só por uma questão de prioridades, mas também porque aqueles planos permitiram elencar uma série de conclusões, para as quais importa agora chamar a atenção dos madeirenses.
A governante sublinha que o Plano de Marketing irá permitir veicular, junto da população, uma série de mensagens e de alertas para várias problemáticas, com destaque para as causas da Problema e da Exclusão Social.
Essas mensagens serão divulgadas através da Comunicação Social, mormente recorrendo a campanhas publicitárias, simpósios e conferências, com especialistas forasteiros e locais, e ainda com diversas iniciativas, a equacionar no Plano.
Bernardete Vieira diz que o importante é alertar as pessoas para a problemática, pôr os madeirenses a pensar no que se passa. «Vamos divulgar toda a realidade, as formas como estamos a resolver os problemas e pedir a colaboração da sociedade para que essa resolução tenha os melhores resultados possíveis», concluiu.

12/11/2009

Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais

A Semana Regional das Pessoas com Necessidades Especiais, com o lema: “Desafia-me e eu irei mais longe”, do ano transacto, foi seleccionada para destaque da página Web da Rede Comum do Conhecimento.Esta divulgação incorporou igualmente outras actividades realizadas no âmbito desta iniciativa da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, aproveitando a ocasião para relembrar o prémio de Reconhecimento à Educação 2009, promovido pelo Ensino do Futuro, SINASE e Groupvision, na categoria “Comunidade e Parcerias / Protocolos” recebido por esta instituição. Foi igualmente anunciada a Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais do corrente ano, que está prevista para a semana de 3 a 10 de Dezembro.Estas informações poderão ser acedidas em :

Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais


Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais – Desafia-me e eu irei mais longe!

Na Semana Regional da Pessoa com Necessidades Especiais, vários utentes dos diversos serviços da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação (DREER) demonstraram durante sete dias como são capazes de ir mais além quando lhes são dadas as oportunidades. Nessa semana exerceram várias profissões em serviços, instituições e estabelecimentos da Região Autónoma da Madeira (RAM). O feedback obtido por parte das entidades colaboradoras foi muito positivo e alguns demonstraram o desejo de continuar a contar com a colaboração dos novos empregados.

09/11/2009

Entrevista à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Santa Cruz


Dr.ª Joana – Assistente Social na C.PC.J. de Santa Cruz

Dr.ª Odília Franco – Enfermeira (representante da Saúde na C.P.C.J. de Santa Cruz)

Telma - Quais são as competências da CPCJ?

Dr.ª Joana – Nós temos como competências garantir a promoção e a protecção dos direitos da criança, sendo que, regemo-nos por vários princípios da lei 147/99. A criança pode ser mal tratada, abusada sexualmente ou abandonada e nós visamos garantir a promoção e protecção dos direitos da mesma.

Joana – Qual o número de crianças e jovens em risco no concelho de Santa Cruz?

Dr.ª Joana - Em Santa Cruz existem cerca de 300 casos, a nível de processos de não agregados. Esta estimativa abrange as freguesias do Caniço, Gaula, Santo da Serra, Camacha e Santa Cruz. O concelho está em 2º lugar a nível regional.

Eduardo – Quais são os tipos de maus tratos frequentes?

Dr.ª Joana – Os tipos de maus tratos mais frequentes são, o abandono escolar, a negligência, os maus tratos físicos e psicológicos e alguns abusos sexuais, sendo que estes casos são logo encaminhados para o tribunal.

Cláudia – Como é que são detectados esses casos?

Dr.ª Joana – As principais fontes de detecção dos casos são através da escola, do Centro de Segurança Social, do centro de saúde e através dos próprios vizinhos. Muitas vezes são as próprias crianças/vítimas a fazerem as queixas. São denúncias escritas (carta), anónimas ou identificadas, presenciais, sendo a anónima a mais comum.

Telma – Que respostas dá a CPCJ a estes casos e através de que recursos humanos especializados acompanham estas situações de risco?

Dr.ª Joana – Numa primeiro fase, a CPCJ recebe o processo/denúncia. Depois faz o diagnóstico da situação com o consentimento dos pais, pois para intervir é sempre necessária a aceitação por parte destes, bem como o da própria criança maior de 12 anos, que assina uma declaração. Se não existir esses consentimentos o processo é mandado para o tribunal. Quando existe esses consentimentos fazemos uma entrevista de forma a analisar a situação e remetemos relatórios sociais a todos os parceiros que se adequam à situação em causa e que estão presentes/ligados à criança, por exemplo, o centro de saúde, a escola, a segurança social. Após a chegada da resposta dos relatórios, nós reunimos a Comissão Restrita, composta por 11 elementos, constituída por psicólogos, sociólogos, enfermeiros, professores, assistentes sociais e obrigatoriamente um representante da Câmara Municipal, do Centro da Segurança Social, e da Educação, para podermos analisar o caso. Deliberamos se não houver motivo da intervenção, arquivamos, se houver motivo de intervenção elaboramos um plano da medida que posteriormente é assinado um acordo de promoção e protecção com todos os intervenientes.

Joana – Considera que os recursos humanos disponíveis são os suficientes?

Dr.ª Joana – Trabalhamos muito bem, somos uma equipa muito boa, articulamo-nos todos muito bem. A nível dos recursos da Comissão Restrita, não podemos exceder o limite, pois está tudo previsto na lei. A nível dos parceiros, por vezes, encontramos algumas dificuldades em conseguir respostas para os agregados, para as crianças, para os pais e muitas vezes os pais são resistentes à própria mudança...

Drª Odília – (...) Temos muita dificuldade em obter as consultas a nível da saúde, nomeadamente terapia da fala, e consultas de psicologia.

Telma - Mesmo que a C.P.C.J. acompanhe e lhes dêem condições, os pais podem nem sempre levá-los às consultas...

Dr.ª Joana – Nós não damos consultas, quem os leva (crianças e jovens) são os próprios progenitores, mas isso fica num acordo, se o acordo estabelece que a criança tem de ir ao Centro de Saúde para ser acompanhado nas consultas de rotina, posteriormente contactamos o Centro de Saúde e verificamos se o acordo está a ser cumprido ou não. Se este não estiver a ser cumprido, significa que a mãe está em falta, deste modo nós podemos enviar a situação para o Ministério Público por falta de cumprimento...

Drª Odília – Por vezes os pais são mais resistentes. Temos muitos pais que são alcoólicos e não reconhecem que é uma doença, acreditam que o álcool não faz mal a ninguém, resistindo à ida das consultas de terapia ou de saúde mental, por outro lado, muitos acabam por aceitar quando são confrontados com a possibilidade/ameaça do caso transitar para o Ministério Público.
Acompanhamos a execução da medida, e os parceiros juntamente connosco dão a resposta, por exemplo, a escola dá a resposta a nível da higiene, da assiduidade e da negligência que nos indica se os pais participam no processo educativo da criança ou não. A nível do centro de saúde, os enfermeiros e o médico de família, e caso seja pertinente, propomos consultas de psicologia. Relativamente às vistas domiciliárias também desenvolvemos vigilância. Elaboramos pareceres sobre os apoios que as famílias eventualmente possam necessitar. Nós somente acompanhamos e articulamos com as entidades com vista a que essas respostas sejam dadas.

Professora Cláudia – Qual o papel do técnico de acção social na C.P.C.J. a nível de visitas ao domicílio?

Dr.ª Joana – Não fazemos visitas domiciliárias, só em último caso a enfermeira que está aqui presente, vai como elemento do centro de saúde e não como elemento da comissão.

Drª Odília – Se houver necessidade desse acompanhamento por parte de uma assistente social nós comunicamos à segurança social e aí a técnica é que vai ao domicílio. Se for necessário acompanhar aquela família, elas é que intervêm dando apoio. A nós, elementos da comissão, não vamos ao domicílio, senão pode-se dar um atropelo, por exemplo, se muitas entidades tentarem intervir, acabam por não conseguir alterar a realidade dessas pessoas.
Consoante as necessidades das crianças ou dos jovens deliberamos de maneira a chegar a um acordo com as medidas a serem tomadas. Depois implicamos neste acordo aquelas instituições que achamos que sejam pertinentes para o bem-estar das crianças ou dos jovens em questão. Essa instituição é que vai fazer esse acompanhamento, portanto, o acordo normalmente é feito durante 1 ano com a comissão periódica de 3 ou de 6 em 6 meses. Quando chega a altura de verificarmos como estão a correr as coisas, nós contactamos ou por telefonema ou por escrito, através de relatórios para ver se o acordo está ou não a ser cumprido. Perante isso nós damos continuidade.

Drª Joana – E nós o que fazemos a nível da comissão é acompanhar a execução dessas medidas, adequando os parceiros para ver se está a ser cumprido. Nós é que chamamos os pais e fazemos as entrevistas de acompanhamento, também alertamos os pais muitas vezes para o que podem e o que não devem fazer, também somos um pouco conselheiros não é?! Não estamos aqui só para julgar, também estamos aqui para ajudar.

Drª Odília – Também para orientar, arranjar estratégia que os pais nunca vão conseguir ver, se conseguirem se organizar como família e muitas vezes até quando alguma coisa não se está a passar tão bem como desejavam. Quando há indícios de que algo não está a correr bem, a instituição entra em contacto com a família e através de entrevistas averiguamos o que se está a passar, e o que podemos fazer para ajudar.

Professora Cláudia – A terapia familiar é um recurso?

Drª Joana – Ainda não existe cá na Madeira.

Drª Odília – Na Madeira não existe. Há mediação familiar, mas não em grande escala.

Drª Joana - Há psicólogas que fazem, mas é apenas no privado.

Drª Odília - No público, não temos ninguém a fazer isso.

Drª Joana – Se calhar era pertinente, até porque é fundamental nós não olharmos para as fragilidades mas sim concentrarmo-nos em potencializar as qualidades que eles têm, pois as fragilidades perdem a importância perante aquilo que eles são capazes de fazer.

Drª Odília - E nós temos que valorizar isso, senão, não conseguimos nada, às vezes pode ser uma pequenina coisa, mas temos de pegar nessa pequenina coisa para ajudá-los a seguir...

Telma - Para que se sintam motivados.

Eduardo - E concorda que o número de crianças em risco de que a C.P.C.J. tem conhecimento, é apenas a “ponta do iceberg”?

Telma Isto é, se existem muitos casos que estão...

Drª Odília - (…) Camuflados.

Telma - Exacto.

Drª. Joana - Para já eu vou corrigir a questão, não são crianças em risco, em risco estão todas, o que existe são crianças em perigo, as quais nós acompanhamos.

Todos nós estamos sujeitos ao perigo, são só aquelas que estão assinaladas por nós. Podes reformular a pergunta por favor.

Eduardo - Concorda que o número de casos de crianças em perigo de que a C.P.C.J. tem conhecimento é apenas a “ponta do iceberg”?

Drª Odília - Sim, nós temos a percepção de que existem muitos casos de que não temos conhecimento, sabemos que existem, calculamos que sim, realmente o número tem vindo a aumentar, porque há uma maior informação, há uma maior abertura e há pessoas que denunciam e que sabem que podem fazer uma denúncia anonimamente, agora que existem muitas crianças a sofrer e nós não temos conhecimento, isso existe, porque ainda há muita gente que tem medo de fazer denúncias pelas consequências que as mesmas podem originar.

Telma – As próprias mães, muitas vezes têm medo de fazer as denúncias?

Drª Odília – É claro que muitas mães e famílias têm medo, mas há já muitas que vêm cá fazer as denúncias. Nota-se uma maior abertura, portanto, as pessoas começam a ver a C.P.C.J. não como a instituição que lhes vai tirar as crianças, mas quem lhes vai tentar ajudar. Já nos procuram com o intuito de pedir ajuda, pedir socorro. Há muitas mães que fazem a denúncia mas também pais e irmãos.

Dr.ª Joana – Os próprios jovens que já conhecem os seus direitos e os seus deveres, já fazem as suas próprias denúncias.

Drª Odília – Eles mais depressa sabem os seus direitos do que os deveres. Por vezes, acham que não os têm mas sim os outros. (risos) Muitos jovens e vizinhos vêm cá fazer a sua denúncia à instituição.

Dr.ª Joana - Dantes estava tudo camuflado, pois muita gente sabia o que acontecia e não fazia nada.

Joana Até mesmo por causa duma mudança de mentalidade...

Drª Odília - Exacto. A partir do momento em que os maus tratos se tornaram públicos, as queixas aumentaram e as pessoas sentiram-se mais protegidas

Cláudia – Considera que a região (R.A.M.) tem uma boa cobertura em relação a esta problemática?

Dr.ª Joana – Isto para já não é uma problemática. São várias problemáticas, tais como, negligência, maus tratos. Se conseguirmos responder ao nível de região? Acho sim, pois tem vindo a evoluir. É claro, que tanto aqui como no continente deparamo-nos com dificuldades, seja numa coisa ou noutra. Há sempre dificuldades, a nível do ensino, a nível da saúde e habitação principalmente.

Drª Odília – Temos muitos casos em que há negligência porque também as condições socioeconómicas e habitacionais não são as mais favoráveis. Nós não temos casas para dar a ninguém.

Dr.ª Joana – O importante é não desistir (…) isso é que é importante.

Professora CláudiaO trabalho de equipa é também muito importante...

Drª Odília – As pessoas têm que trabalhar em equipa, quanto mais se fecharem dentro das suas “capelinhas”, é pior, pois ninguém consegue fazer tudo sozinho, logo, se trabalharmos com os outros, nós conseguimos fazer alguma coisa.
Caso trabalhássemos sozinhos isso se tornaria mais difícil até para a própria família, isto é, se não trabalhássemos com os nossos parceiros na comunidade, tais como os centros de saúde, a segurança social etc., acabaria por haver uma invasão naquela família e o que teríamos feito para a ajudar?! Se nos reunirmos entre parceiros e vermos o que conseguimos fazer, mais depressa uma porta se abre e assim, não estaremos a invadir a privacidade daquelas mesmas visto que estas já estão molestadas/bafejadas pelas carências socioeconómicas.
Além disso, as carências socioeconómicas e habitacionais trazem outros problemas como a toxicodependência, a prostituição etc. E se for uma instituição isolada não consegue fazer nada, nós temos todos de dar a mão e trabalhar em equipa, só assim conseguimos alguma coisa, mas para isso temos de ter técnicos com mentes abertas e dispostos a trabalhar. Mas aqui, felizmente, conseguimos trabalhar em equipa (…).

Telma – Em relação ao trabalho do técnico de acção social tem alguém a fazê-lo?

Drª Odília – Temos, temos a doutora Joana que é assistente social, temos também um representante da segurança social aqui na comissão, que faz mesmo parte (da orgânica), como representante pode estar na comissão restrita ou alargada, estando sempre incluída e também há um representante da saúde, da educação e da câmara. Seja na restrita ou na alargada, têm sempre que fazer parte da comissão. Depois os outros elementos que fazem parte da comissão, são colaterados.

Joana – Até que idade a C.P.C.J. pode proteger?

Dr.ª Joana – Até ao 18, com autorização do mesmo, até aos 21 anos. Mas o jovem tem de fazer um requerimento à comissão restrita e pedir para ser acompanhado até aos 21.

Drª Odília – E sempre que o jovem queira, não lhe fechamos as portas.

Joana – E estando o jovem em situação de dependência?

Dr.ª Joana – Se fizer 18 anos já não pode, tem que dar entrada antes de perfazer os 18 anos, fazendo um requerimento, caso já esteja a ser acompanhado pode continuar . Imagina que entra uma denúncia e estás a perto de completar os 18 anos, é aceite. Posteriormente, já não é da responsabilidade da instituição. Depois dos 18 anos os casos são directamente encaminhados para o ministério público, se já estiver a ser acompanhado, existem medidas a aplicar nomeadamente em relação à autonomia de vida. São dados meios ao jovem para começar a criar bases.

Drª Odília – Suponhamos que um jovem que tem 17 anos e está prestes a completar os 18, este jovem vive num meio que não é nada favorável, os pais são toxicodependentes, alcoólicos, não tem condições de sair deste ambiente e quer sair deste ambiente, então é encaminhado para uma instituição, para um projecto de autonomia de vida. É integrado numa residência de autonomização oferecendo-lhe condições para o utilizar, recebe uma verba (em dinheiro), de maneira a saber geri-lo durante o mês, é feita uma supervisão por técnicos que analisam como esse jovem em autonomização, se organiza e avaliam se é capaz de ir para o meio natural de vida e de serem autónomos. Têm uma verba para gerir, gerem à sua maneira, depois há uns que estudam, outros que estão no centro de formação profissional, outros que começam entretanto a trabalhar.

Dr.ª Joana – Os critérios são muito exigentes, têm que ter uma cabeça minimamente organizada, e se for um jovem de uma certa debilidade tal não será possível, tudo depende do jovem.

08/11/2009

Madeira integra estudo sobre paralisia cerebral

(in Jornal da Madeira)
7.11
.2009
O Desenvolvimento da Criança” foi o tema das jornadas que decorreram, ontem, no auditório do Museu Casa da Luz e que contou com a presença do presidente do Instituto da Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP, RAM (IASAÚDE), Maurício Melim.
Organizada pela clínica de fisioterapia e ginásio Equilibrium, marcando assim a abertura do Centro da Mulher e da Criança, esta iniciativa contou no seu painel de oradores com especialistas regionais e nacionais que informaram pais e cuidadores sobre o desenvolvimento normal da criança, sinais de alerta e factores de risco.
Maria da Graça Andrada é presidente da Direcção Nacional da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral e ontem abordou a intervenção precoce em crianças com atraso no desenvolvimento. Aquela pediatra adiantou que a Madeira tem colaborado no registo da paralisia cerebral a nível nacional para saber quantas crianças existem com este problema. «Esta é uma doença que exige um apoio continuado e a Região tem uma associação, um centro de desenvolvimento e com mais esta unidade será importante para dar apoio às crianças e famílias ao nível da educação para serem incluídas nos jardins de infância com outras crianças». No seu entender, «todo o apoio que estas crianças tiverem nas primeira idades, pode torná-las mais aptas para a inclusão social».
Neste sentido, realçou a importância de os pediatras estarem atentos aos primeiros sinais no atraso do desenvolvimento da criança para que a intervenção seja mais rápida. Na Madeira, vão ser desenvolvidas acções nos centros de saúde para alertar para os problemas do desenvolvimento infantil.
Nem todas as crianças são bebés de revista.
Uma outra oradora foi a fisioterapeuta Elisabete Marques, docente na Escola Superior de Saúde de Alcoitão, que focou a questão da abordagem da equipa multidisciplinar em crianças com atraso no desenvolvimento. No entanto, defendeu ainda que estas equipas devem abranger as famílias, já que o primeiro impacto de quando se vêm a braços com uma criança portadora de deficiência é sempre negativo. «Quando se programa uma criança é sempre “Nestlé”, loura, olhos azuis e perfeita e quando a criança sai destes padrões, ainda por cima numa sociedade que dá muito valor à imagem é difícil aceitar e aqui o profissional tem de entender o tempo da família para se adaptar ao novo filho», explicou.
Na sessão de abertura das jornadas, o presidente do IASAÚDE, Maurício Melim, sublinhou que um dos objectivos do programa de Governo até 2011 é o de promover a saúde, «dando anos de vida». Além disso, existe a Estratégia Regional para a Infância e Adolescência que prevê a cooperação entre os diversos organismos, tudo porque «a saúde tem de ser assegurada».

06/11/2009

Projecto Upa Unidos para Ajudar



Portugal um retrato social - Igualdade e Conflito (episódio 6)

Envelhecimento activo



A RUTIS (Rede de Universidades da Terceira Idade) tem procurado, nas suas actividades, promover o envelhecimento activo, sendo este "o processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança, no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento" (OMS, 2002).
O envelhecimento pode ser estudado em duas perspectivas, a demográfica e a individual. O envelhecimento demográfico das populações verifica-se na maioria dos países desenvolvidos devido a diversos factores, nomeadamente à diminuição da natalidade, fecundidade e mortalidade e ao aumento da esperança média de vida. O envelhecimento individual corresponde às modificações biológicas e psicossociais que ocorrem com o passar dos anos.
Perante as proporções que o envelhecimento populacional está a atingir, o principal desafio que se impõe hoje às sociedades consiste em permitir que as pessoas não só morram o mais tardiamente possível, como também desfrutem de uma velhice com qualidade de vida.

A OMS, no final do século XX, substituiu o conceito de envelhecimento saudável pelo de envelhecimento activo, no sentido de melhorar as oportunidades de saúde, de participação e de segurança. Surgia assim um novo paradigma na velhice que identificava as pessoas mais velhas como membros integrados na sociedade em que vivem. Desta forma, o envelhecimento activo visa a manutenção da autonomia e da independência, quer ao nível das actividades básicas de vida diária (AVD), quer ao nível das actividades instrumentais de vida diária (AIVD), a valorização de competências e o aumento da qualidade de vida e da saúde.

O segredo de um envelhecimento bem sucedido é a forma como se prepara a velhice, pois os comportamentos adoptados ao longo da vida reflectir-se-ão na fase final desta. No envelhecimento activo consideram-se três áreas principais de intervenção: a biológica, a intelectual e a emocional.

Um dos grandes desafios para as políticas consiste em encontrar um equilíbrio entre a promoção da saúde, o sistema de apoio informal e o sistema de apoio formal. Assim, para fomentar um envelhecimento activo são necessárias estratégias que protejam a saúde e o bem-estar dos idosos e desenvolvam programas para a promoção da saúde e prevenção de doenças, apostando em cuidados equitativos e dignos.
AS UTIs e as actividades que desenvolvem são um exemplo de envelhecimento activo dado que os seniores ocupam nestas vários espaços de actuação como alunos, professores, dirigentes, agentes de cidadania, guias em museus, voluntários noutras instituições, etc.

Serviço Apoio Domiciliário e Serviço Apoio Domiciliário Integrado

São serviços financiados pelos Centros Distritais de Solidariedade e Segurança Social em articulação com a Administração Regional de Saúde/Centros de Saúde.
O Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é uma resposta social que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias que, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não podem assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou as actividades da vida diária.
Objectivos gerais
- Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e famílias;
- Retardar ou evitar a institucionalização.

Objectivos específicos
- Assegurar aos indivíduos e famílias a satisfação das necessidades básicas;
- Prestar cuidados de ordem física e apoio psico-social aos indivíduos e famílias, de modo a contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar;
- Colaborar na prestação de cuidados de saúde.

O Apoio Domiciliário Integrado (ADI), existente em algumas estruturas da Cruz Vermelha Portuguesa, é um serviço prestado no domicílio que se concretiza através de um conjunto de acções e cuidados pluridisciplinares, flexíveis, abrangentes, acessíveis e articulados, de apoio social e de saúde. Assegura, sobretudo, a prestação de cuidados de enfermagem e médicos de natureza preventiva, curativa e outros, e a prestação de apoio social indispensável à satisfação das necessidades básicas humanas.O Apoio Domiciliário, quer tomemos ou não em consideração a vertente do Apoio Domiciliário Integrado, é neste momento uma área de actividade em franca expansão que, ao responder às necessidades crescentes decorrentes do envelhecimento da população, permite ir ao encontro dos anseios dos idosos no prolongamento de uma vida autónoma e não institucionalizada.

Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social



Apesar de a União Europeia ser uma das regiões mais ricas do mundo, 17% da sua população não tem os meios necessários para satisfazer as suas necessidades mais básicas.
A pobreza é normalmente associada aos países em vias de desenvolvimento nos quais a subnutrição, a fome e a falta de água limpa e potável são desafios quotidianos. Contudo, a Europa também é afectada pela pobreza e pela exclusão social, onde apesar de estes problemas poderem não ser tão gritantes, são ainda assim inaceitáveis. A pobreza e a exclusão de um indivíduo implicam o empobrecimento de toda a sociedade. A Europa só pode ser forte se utilizar ao máximo o potencial de cada um dos seus cidadãos.
Não há nenhuma solução milagrosa para acabar com a pobreza e com a exclusão social mas uma coisa é certa: não podemos vencer esta batalha sem si. É tempo de renovarmos o nosso compromisso para com a solidariedade, justiça social e maior inclusão. Chegou o momento do Ano Europeu Contra a Pobreza e a Exclusão Social.
Um valor fundamental da União Europeia é a solidariedade, particularmente importante em tempos de crise. A palavra “União” diz tudo – enfrentamos juntos a crise económica e é esta solidariedade que nos protege a todos.


Aqui ficam algumas das coisas que iremos fazer juntos:

Encorajar a participação e o compromisso político de todos os segmentos da sociedade para participarem na luta contra a pobreza e a exclusão social, desde o nível europeu ao nível local, no sector público e no privado;
Motivar todos os cidadãos europeus a participarem na luta contra a pobreza e a exclusão social;
Dar voz às preocupações e necessidades de todos quanto atravessam situações de pobreza e de exclusão social;
Dar a mão a organizações da sociedade civil e a ONG na área da luta contra a pobreza e a exclusão social;
Ajudar a derrubar os estereótipos e a estigmatização da pobreza e da exclusão social;
Fomentar uma sociedade que garanta a qualidade de vida, o bem-estar social e a igualdade de oportunidades para todos;

Reforçar a solidariedade entre gerações e garantir o desenvolvimento sustentável.

SIC Esperança leva música para a Associação Alzheimer Portugal


A parceria entre a SIC Esperança e o Hard Rock Café Lisboa, no âmbito do evento March on Stage, permitiu a implementação de um projecto de musicoterapia para os utentes da Associação Alzheimer Portugal. A Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA), desde o seu inicio que privilegiou o desenvolvimento de acções que contribuam não só para melhorar a qualidade de vida dos utentes, como também para a mudança de atitudes face a estes indivíduos. Dada a importância da musica no desenvolvimento humano destes doente, e com a verba do Hard Rock Café Lisboa, a SIC Esperança implementou um projecto de musicoterapia transversal a todos os serviços de associação, que consiste essencialmente na realização de sessões de musicoterapia 3 vezes por semana, bem como a aquisição de material para o centro de dia e serviço domiciliário. Um projecto que irá permitir não só diversificação das actividades, bem como estimulação de capacidades cognitivas e promoção da socialização.

“Sorrir não tem idade – Aprender e conviver”


A problemática da solidão e da dependência foi abordada pela SIC Esperança através do projecto “Sorrir não tem idade”.Como é sabido, a população portuguesa está a envelhecer; de momento existem no nosso país cerca de 1.600.00 de idosos que representam aproximadamente 15% da população, uma percentagem com tendência a aumentar nos próximos anos.
O projecto “Sorrir não tem idade – Aprender e conviver” foi desenvolvido através de uma parceria entre a SIC Esperança e a Universidade Sénior de Almeirim. Teve como objectivo principal unir todas as Universidades/ Academias de terceira idade existentes em Portugal através de uma rede, a RUTI´s – Rede de Universidades de Terceira Idade –
http://www.rutis.org/.

O projecto passou por três fases:

1 - Criou uma rede nacional que uniu as Universidades de terceira idade existentes de forma a: Ser um ponto de encontro e de troca de experiências Ser um pólo dinamizador de actividades para os séniores Ser um factor de divulgação e informação Promover o voluntariado

2 - Estimulou a criação de mais Universidades de terceira idade (UTIs) em todo o país, fornecendo o conhecimento necessário e acolhimento. Das 83 universidades aderentes à RUTIS, mais de 20 foram criadas já com intervenção da RUTIS e da SIC Esperança.

3 – Divulgou a existência desta proposta social e promoveu a sua utilização junto da população.
Por fim, houve uma implementação da rede de Internet nas universidades de terceira idade aderentes do projecto RUTIS, cuja mensalidade ficou, durante um ano, a cargo da Portugal Telecom.

Parceiros:

AMBAR, CTTPT, Blockbuster,Valentim de Carvalho, BP

SIC Esperança beneficia Lar no Funchal



A parceria realizada entre o BANIF e a SIC Esperança, permitiu ao Lar de Santa Isabel no Funchal, adquirir uma carrinha para o transporte dos seus utentes.
Para tal, a SIC Esperança contribuiu com a verba de € 26.181,45 para a compra de uma Toyota Hiace de 9 lugares, possibilitando assim maior conforto e mobilidade aos utentes do Lar.

Tempo Para Dar - Uma parceria SIC Esperança e Delta Cafés



Cada vez mais, fruto de uma sociedade industrializada e adaptada aos mais jovens e ao seu poder de inovação, a solidão na terceira idade é um problema que se aprofunda diariamente.
Um maior cuidado e apoio para com os idosos e, um envelhecimento activo e não passivo e marginalizado, são combates diários que permitem atenuar o sentimento de isolamento, promovendo uma melhoria no bem-estar, nos últimos anos de vida.
Tempo para Dar é um projecto conjunto entre a SIC Esperança e a Delta. O objectivo é angariar verbas para aplicar em projectos concretos e estruturantes, que abordam a questão da solidão na terceira idade, preocupação esta que se insere na temática anual da SIC Esperança, a inclusão social. A valorização e a inclusão do idoso parece ser ainda um longo caminho a percorrer, pelo que para a SIC Esperança é fundamental contribuir e estimular pequenos gestos de inclusão, que de alguma forma contribuam e alertem para a construção de uma nova sociedade, mais tolerante, mais justa e menos marginalizada.
Para ajudar, basta comprar no supermercado mais próximo de si o Lote de Chávena Tempo para Dar da Delta Cafés, e está de imediato a contribuir com um donativo para o projecto. Toda a verba angariada por esta causa será aplicada em instituições locais de forma a dar abrangência nacional, que contribuam para um mundo mais risonho na terceira idade.
As nossas atitudes de hoje serão o reflexo de amanhã, e um dia chegará a sua vez! Esteja atento a esta causa, e ajude-nos a combater a solidão.

04/11/2009

(in jornal da Madeira - 4.11.09)
O secretário regional dos Assuntos Sociais, Francisco Jardim Ramos, divulgou ontem o Plano Regional para Pessoas Sem-Abrigo que tem por objectivo a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida de quem vive nas ruas. Neste momento, existem 60 sem-abrigo, sendo que 47 não têm tecto e 13 pernoitam no alojamento temporário. Até 2011, terão de estar no terreno 37 medidas, uma das quais a monitorização de cada caso.
O Centro de Segurança Social da Madeira (CSSM) identificou na Região 60 pessoas que vivem em condições de sem-abrigo. O número foi ontem avançado pelo secretário regional dos Assuntos Sociais, Francisco Jardim Ramos, durante a sessão de abertura do III Forum Comunitário - Contributos para Pessoas Sem-Abrigo, que ontem decorreu no auditório do CSSM. Esta foi uma ocasião aproveitada para a apresentação do novo Plano Regional para Pessoas Sem-Abrigo (PRPSA) 2009-2011, que tem como principal estratégia a promoção da inclusão social das pessoas que vivem nas ruas e a melhoria da sua qualidade de vida.
Jardim Ramos disse que com a elaboração deste documento fica cumprido «uma das medidas sociais mais importantes que estão traçadas no programa de Governo Regional da Madeira para o mandato 2007-2011». Este foi um documento aprovado na passada quinta-feira em Conselho de Governo.
Assente em três eixos fundamentais, como a Informação, Sensibilização e Prevenção; a Qualificação da Intervenção e por fim os Serviços e Respostas, este Plano será implementado no terreno em 37 medidas estratégicas.
Ontem perante uma plateia repleta de profissionais da área social, Jardim Ramos explicou que o documento fundamenta-se numa caracterização exaustiva de cada ser humano, sem-abrigo, e que prevê a sua monitorização anual a partir de uma avaliação qualitativa e quantitativa, que nos permitirá trabalhar cada pessoa, sem nos limitarmos a encará-las apenas como um número ou um dado estatístico».
Neste momento, «estão identificadas 47 pessoas em situação de sem tecto e 13 em situação sem casa, sendo que estes últimos pernoitam no acolhimento temporário». Em relação aos indivíduos sem tecto, estes costumam pernoitar nas ruas circundantes ao Mercado dos Lavradores, junto ao Edifício 2000 e Rua Dr. Fernão de Ornelas.
Com este instrumento de intervenção, os serviços do CSSM e as próprias instituições de solidariedade irão aproximar-se mais destas pessoas, conhecendo as suas problemáticas, ajudando-os a sair das ruas e construindo um projecto de vida para cada um. Para que tudo isto funcione, «há que apostar numa abordagem mais participativa e multi-sectorial, por isso o PRPSA prevê a integração, concertação e responsabilização partilhada entre os vários organismos públicos e privados», explicou.
Para o secretário regional, este trabalho abre portas a uma intervenção mais rigorosa e ajustada à realidade madeirense «no combate nunca acabado a uma das mais sérias formas de exclusão social». E a realidade é complexa, sendo que as razões para viver na rua passam pelo desemprego, alcoolismo, toxicodependência, conflitos familiares ou doenças mentais. Daí que a intervenção dos profissionais junto dos indivíduos sem casa terá de ser multi-sectorial, como defendeu ontem Jardim Ramos.
No final, o secretário regional fez ainda um apelo para que os profissionais da área social continuem empenhados, porque a intervenção social, a luta contra a pobreza e a exclusão social são matérias que não dispensam o envolvimento e a mobilização de todos os parceiros sociais.

O Plano Regional para Pessoas Sem-Abrigo 2009-2011, ontem apresentado, será monitorizado pelo Centro de Segurança Social da Madeira e avaliado nas reuniões trimestrais com os parceiros, porque as situações de sem-abrigo estão sempre a oscilar. Actualmente, dos 60 indivíduos que vivem na rua, 47 são sem tecto e 13 pernoitam no alojamento. Quanto ao género, 52 são homens e oito são mulheres. No que concerne à faixa etária, a maioria, 22, fixa-se entre os 36 e os 45 anos. Em 2008, houve 17 novos casos de pessoas sem-abrigo. A grande maioria dos sem-abrigo não tem formação, sendo que oito não sabem ler, nem escrever e 34 têm apenas o primeiro ciclo. Quanto à situação económica dos sem-abrigo, 52 estão desempregados, sete são pensionistas e apenas um trabalha. O alcoolismo e o desajustamento psicossocial são as principais problemáticas de aúde destas pessoas.

Educadora social e enfermeira dão apoio
O Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, C.A.S.A, costuma distribuir cerca de 55 refeições por noite, à porta da Igreja do Carmo, no Funchal. A responsável por este Centro, Naidea Nunes, explicou que uma unidade hoteleira fornece a comida e, após o bufete, pelas 22 horas, são distribuídas as refeições. Além disso, os sem-abrigo pedem, por vezes, medicamentos, roupa, calçado, cobertores e artigos de higiene «e de uma maneira ou de outra tentamos ajudar». Neste momento, o Centro dispõe de uma educadora social e de uma enfermeira que estão a acompanhar estas pessoas na questão da saúde e competências sociais. Sobre o Plano, aquela responsável considera que «vem na altura certa, porque agora há maturidade para articular as experiências, para partilhar e cooperar e é um excelente trabalho da Segurança Social», concluiu Naidea Nunes.

Convencer as pessoas a sair da rua será árduo, mas tem de ser feito
Mais alojamento para o próximo ano

Plano Regional para Pessoas Sem-Abrigo 2009-2011 contempla três eixos fundamentais para a intervenção na problemática dos sem-abrigo. O primeiro, Informação, Sensibilização e Prevenção, engloba medidas que visam a identificação e prevenção de situações de risco. Neste sentido, será feito um levantamento e caracterização das pessoas sem-abrigo na Madeira, de forma a adequar as respostas sociais de todos os parceiros. O segundo eixo incide na Qualificação da Intervenção e prevê-se a articulação institucional e a criação de instrumentos de trabalho, como a monitorização comum a todos os parceiros. Formar técnicos e capacitar os profissionais da área da saúde para actuarem com esta população.
O terceiro segmento será o mais visível para os sem-abrigo já que assenta nos Serviços e Respostas para estas pessoas. De entre muitas medidas, destaca-se a criação de bolsa de alojamento local para situações de desinstitucionalização. Actualmente, o alojamento temporário tem 16 camas, que serão aumentadas para 50 aquando da conclusão do centro da Associação Protectora dos Pobres, para o próximo ano. No entanto, um dos trabalhos mais difíceis é o de convencer estas pessoas a sair da rua, mas Jardim Ramos afirma que «o trabalho será árduo, mas não tentar seria bem pior». Integração em habitação social; identificar novas situações de pessoas sem-abrigo através das equipas de rua; segurança; alimentação; serviços de higiene e de saúde; criar um atelier ocupacional onde 60% dos utentes da Associação dos Pobres podem participar e criar um espaço de prevenção de exclusão social são outras das medidas que vão para o terreno já este ano. Mas o Plano prevê também um acompanhamento psicossocial dos sem-abrigo, a criação de um clube de emprego e a dinamização de cursos e formação de adultos.